Total de visualizações de página

quinta-feira, 20 de junho de 2013

CURIOSIDADES DE UM SOLTEIRO


Durante toda a vida mantive o sonho latente e secreto de escrever um livro, mas nunca soube por onde começar. Eis que incentivado por amigos, filhos e irmãs, tomei coragem, enviei meus contos para a EDITORA LITTERIS e anteontem recebi por SEDEX 15 (imagino que seja uma modalidade nova dos correios pois a encomenda chegou em minha casa por volta das 15:00 h) os dois primeiros exemplares de meu primeiro livro de contos de humor, EU, FARIA! 

Tinha saído de casa muito aborrecido depois do almoço porque minha encomenda não havia chegado. Trabalhei até mais tarde, passei no supermercado para comprar algumas coi sas . Quando cheguei em casa, dei uma olhada para ver se algo tinha chegado. Nada! Como eu estava sozinho, não tinha ninguém nem para desabafar. Lembrei que a caixa não caberia na caixinha de correios, portanto ela poderia estar na portaria. Fui até lá e a porteira me entregou um pacote da EDITORA que havia chegado no meio da tarde (às 15h00, lembram?) . 


Agradeci e subi, emocionado. Chegando no apartamento rasguei rapidamente toda a embalagem. Nascia ali meu primeiro livro! Fiquei emocionado e quando comecei a ler a página dos agradecimentos, chorei quando me referi à minha mãe. 

Emoções contidas, lágrimas enxugadas, já tarde da noite e veio a dúvida: - Para quem vou mostrar o meu livro hoje??? 


Como eu tenho dois cachorros da raça Shih-Tzu, Lorde Trisco e Lady Di, chamei os cachorrinhos e disse: 


- Olhem o livro que papai escreveu!!!

 
Gente, é difícil descrever a alegria deles, que sorriam o tempo todo para mim. Lady Di que é uma intelectual serena e discreta apenas abanava o rabo vigorosamente enquanto Lorde Trisco, meu microcão estabanado, quase dava cambalhotas e por várias vezes tentou tirar o livro de mim. Acho que ele queria ser o primeiro a ler. 


Lord não se conteve e me disse: Au au, au au au, au au, au!


Traduzindo para o português significa: " Que livro lindo, papai. Arrasou!!!"


Fiquei realizado. Os dois primeiros seres que viram meu livro aprovaram. Agora posso fazer o lançamento tranquilo porque vai ser um sucesso. Depois dormi como uma pedra... 


Escrito por  Helio Faria Junior 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A DERROCADA DE UM MACHÃO









     
Esta história aconteceu nos idos do início do século retrasado, mil oitocentos e bolinha, no interior do estado do Rio de Janeiro em um município chamado Baltasar que nem sei se existe mais, mas ficava próximo a Santo Antônio de Pádua.

Lá vivia José Antônio Camacho, predestinado a ser machão conhecido por todo mundo por ZECA MACHO. Era realmente daqueles machões inveterados com cara de mal que só andava todo de preto, inclusive seu chapéu e sua longa capa. Parecia o Zorro sem máscara.




Tudo que ninguém tinha coragem de fazer, chamavam o ZECA MACHO. Sempre que chegava um forasteiro metido a valente na cidade era ele quem dava jeito no sujeito. Aparecia uma cobra em algum lugar, ele ia lá, pegava, matava e se exibia mostrando seu troféu para todos dando muita risada e exibindo seus dentões.




O que ele mais gostava era que alguém o desafiasse. Ele armava o maior forrobodó, aceitava o desafio para depois se exibir. Até que um dia um anãozinho da cidade conhecido por Pingo de Gente resolveu desafiar ZECA MACHO e numa roda de um bar falou para todo mundo ouvir:




- Você tem muita coragem com os vivos por causa do seu tamanho. Quero ver se é tão valente assim com os mortos. Você não tem coragem de pregar um prego no túmulo do Padre Afonso à meia-noite da sexta-feira, dia 13 de agosto.




Aquilo foi a mesma coisa que oferecer banana para macaco. ZECA MACHO aceitou o desafio e disse que depois de colocar o prego lá ia costurar a boca do anão para nunca mais falar bobagens.




Cinco para a meia-noite de uma sexta-feira, 13 de agosto, noite de lua cheia, ZECA MACHO sentou-se no túmulo do Padre Afonso, com seu chapéu e sua capa preta e tirou do bolso uma enorme agulha com linha, um imenso prego de porteira e um martelo sob o olhar atônito de quase toda a cidade. Meia-noite em ponto, martelou o prego até o fim e levantou-se para pegar o anão e costurar sua boca.




Ele não se deu conta que tinha pregado junto a sua capa e quando deu o primeiro passo, a capa o puxou para trás. O susto foi tão grande que ZECA MACHO teve um infarto e morreu. O anão ao vê-lo levantar-se do túmulo em que estava sentado teve uma incontinência intestinal severa, desmaiou mas viveu para contar esta história aos meus antepassados que hoje eu eternizo aqui.



Ao acordar no hospital levou logo a mão à boca e percebendo que não estava costurada, riu tanto que desmaiou de novo!!!



Escrito por  Helio Faria Junior 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A FESTINHA DE IZABELLA



Izabela é uma menina linda, meiga, com rosto de fada mas gosta de tudo que é radical. Na semana passada fez aniversário e resolveu dar uma festinha na garagem da casa de uma amiga que estava muito suja e precisava de uma bela faxina.
À tarde, ela e sua amiga Flávia, pegaram balde, muito sabão em pó, esfregão e água à vontade e começaram a limpeza. Foi aí que passaram pela calçada, Camila e Maria Clara e vendo aquela cena, além de não ajudar, começaram a debochar:
- Se quiserem, quando acabarem aí eu pago bem para lavarem a minha garagem!
Izabella ficou vermelha de raiva e disse educadamente:
É que hoje à noite vamos dar uma festa à fantasia aqui e estamos preparando o local para ficar bem limpinho, afinal, as cinderelas não podem se sujar de graxa. Vocês estão convidadas!
Dali, Camila e Maria Clara já foram direto para o salão fazer penteado de cinderela e maquiagem bem carregada, muita sombra, muito brilho. Do salão, foram para casa se aprontar. As duas com vestido curto cheio de anáguas, tudo cor-de-rosa, laço de seda no cabelo e meia-calça fina e sapatilhas também cor-de-rosa. Uma virou para a outra e disse: - Vamos arrasar, amiga!!!
A festa corria bem, com rock suave e muito pouca luz. Um menino apelidado de Xarope queria por tudo ficar com Izabella mas ela estava mesmo interessada era em um menino que passou toda a festa perto da porta de entrada sorrindo para ela e piscando o olho de vez em quando. Era o menino mais bonito da festa.
Quando Izabella viu que Camila e Maria Clara atravessavam a rua, diminuiu bem e luz e esperou que entrassem até o meio da garagem. Neste momento ela acendeu todas as luzes da garagem e como todas as pessoas da festa estavam fantasiadas de rockeiras, as duas ficaram vermelhas e tontas com tanta risada, começaram a chorar e saíram correndo.
Xarope não deu sossego e passou toda a festa perseguindo Izabella que só tinha olhos para o outro menino. Quando todos foram embora, felizes com o mico que Camila e Maria Clara pagaram, restaram só Izabella, Flávia e o menino bonito que encantou nossa princesa. Ela se encheu de coragem, respirou fundo e foi na direção dele que ainda sorria para ela e piscava às vezes.
Quando chegou bem perto ela acendeu as luzes e se deu conta que seu príncipe era um pôster do Justin Bieber que balançava com o vento e fazia os olhos brilharem....
Moral da história é que ninguém fica sem castigo quando apronta, mas pelo menos não foi na frente de todo mundo, né Izabella???
Escrito por  Helio Faria Junior

sábado, 8 de junho de 2013

PELADO NUNCA MAIS


Fui passar um fim de semana na casa de minha irmã de Brasília. Cheguei no sábado próximo à hora do almoço, depois descansamos e eu resolvi tomar um banho. Entrei no banheiro e como costumo fazer, tirei toda a roupa, inclusive óculos e relógio. Fiquei do jeitinho que vim ao mundo.

Quando abri a porta de blindex do Box, notei que ela estava fora do trilho inferior. Resolvi então por a porta no lugar. Com as duas mãos, peguei a porta dos dois lados  e suspendi um pouquinho de forma bem suave, mas minha delicadeza não adiantou nada. A porta espatifou no ar e se desfez em milhares de caquinhos que caíram próximo aos meus pés, quicando para todos os lados.

Como muitos caquinhos bateram em mim,  meu corpo ardia inteiro. Olhei para os braços e as mãos, tinha uma centena de buraquinhos gotejando sangue de cada um. Vocês estão lembrados que eu estava pelado??? Conseguem então avaliar qual era minha maior preocupação neste momento???

Pois é, bateu um pânico que eu nunca havia sentido antes. Eu não tinha coragem de olhar nem de passar a mão “lá”. Fiquei imóvel sei lá por quanto tempo, acho até que parei de respirar. Dei um passo para trás e levantei um dos pés. Cheio de pequenos cortes sangrando. Levantei o outro pé. Do mesmo jeito.

Girei 90º e me olhei no espelho, que só me refletia do umbigo para cima. Tudo cheio de pontinhos vermelhos. Passei as mãos em minhas coxas e olhei. Molhadas de sangue que eu não sabia se era das mãos ou das coxas.

Me enchi de coragem, subi em um banquinho para olhar no espelho o que faltava olhar. Lógico que fechei os olhos para em seguida abri-los bem devagar.

GENTE, VOCÊS PODEM FICAR TRANQUILAS, INTACTO, NÃO FALTA NEM UM PEDACINHO. NEM UM TALHINHO, NEM UM PONTINHO VERMELHO, NADA, NADA, NADA!!! PERFEITÃO, INTEIRINHO!!! AH MOLEQUE!!!RÁ RÁ RÁ, FIQUEI FELIZ DEMAIS. DEVE TER SIDO AS MÃOS DE UMA ANJA QUE ME PROTEGEU.

Agora estou saindo do hospital onde os médicos após me darem 286 pontos me disseram que nunca tinham visto um paciente ser costurado com tanta alegria. O problema agora é me livrar da anja que não quer mais sair de perto de mim!!!

Escrito por  Helio Faria Junior

terça-feira, 4 de junho de 2013

POR ESSA ALVINHO NÃO ESPERAVA


Alvinho é um grande amigo meu de toda a vida. Crescemos juntos, estudamos juntos, namoramos juntos, aprontamos juntos. Ele ficou muitos anos casado, se separou e ficou muito tempo sem arrumar uma namorada. Não se interessava por ninguém.

Mas vocês sabem como são essas coisas do coração. Quando você menos espera, se apaixona por alguém que jamais poderia imaginar. Isso aconteceu com Alvinho no dia que ele viu a professorinha Malu pela primeira vez. Se amor à primeira vista não existia, passou a existir quando eles se conheceram. E o namoro seguiu muito firme até o dia das Bodas de Prata dos pais dele, quando a moça seria apresentada à sua família.

Malu, apesar de ser professora, moça culta, talvez por conviver demais com pessoas que falam errado, não conseguia pronunciar corretamente algumas palavras e vivia dizendo “POBLEMA”, “BICABORNATO”, “LARGATIXA”, “REZISTRO” e “MORTANDELA”. 

Na véspera da festa eles treinaram muito para que ela falasse corretamente essas palavras e combinaram que toda vez que ela tivesse que falar uma daquelas palavras, ia pronunciar bem devagar, soletrando a forma correta. Ela treinou o dia todo: - PRO-BLE-MA, BI-CAR-BO-NA-TO, RE-GIS-TRO, LA-GAR-TI-XA, MOR-TA-DE-LA....repetiu mil vezes!

Na festa correu tudo bem e os pais de Alvinho, apesar de desconfiados com o jeito simples e espontâneo de Malu, gostaram da moça que transbordava simpatia enquanto Alvinho suava frio ao seu lado cada vez que ela abria a boca e quase desmaiava quando via que ela não havia falado nada errado.

Na hora de ir embora, o casal pegou carona com os pais de Alvinho. Na manobra para sair do estacionamento, uma das rodas começou a estalar e imediatamente Malu disse: 
- Eu sei qual é o pro-ble-ma da roda do seu carro: estragou a MOCINETE.

Para quem não sabe, ela se referia à junta homocinética.  A mãe, como não sabia do que se tratava, apenas sorriu, mas o pai, muito sério, percebendo o fora que Malu havia dado, falou:

- Quando chegarmos em casa eu quero ter uma conversa com você, Alvinho!

Essa história teve um final feliz depois de explicadas as deficiências da moça e falado sobre o amor que os unia, os pais abençoaram o namoro, mas desse dia em diante o casal passou a treinar várias palavras diariamente e Malu nunca mais deu um fora!!!

Escrito por  Helio Faria Junior