Vocês sabem bem com são
as pequenas cidades do interior. Não tem nada para se fazer e o que se faz de
melhor nesses lugares é fofoca. Não podia ser diferente em Guaraná, minúscula
cidade que fica no noroeste goiano. Lá vive Marina, pessoa que mereceria um lugar
no Guiness como a maior fofoqueira da humanidade, e sua grande especialidade é
falar mal da vida dos outros em velórios.
Em todo velório, ela passava a noite toda indo de um em um e cochichando alguma fofoca, mas o que deixava todo mundo curioso é que, sempre, no momento de por a tampa no caixão, ela dava um pequeno chilique e dizia:
Em todo velório, ela passava a noite toda indo de um em um e cochichando alguma fofoca, mas o que deixava todo mundo curioso é que, sempre, no momento de por a tampa no caixão, ela dava um pequeno chilique e dizia:
- Deixe eu dar um último abraço no falecido....abraçava o caixão e punha sua cabeça ao lado da cabeça do defunto.
O que ninguém sabia, é que isso não era um grande carinho e sim uma oportunidade secreta e mórbida de falar uma última fofoca na orelha do defunto. Todos achavam a cena sempre muito estranha, porque ela fazia isso com todos, mas como já era uma tradição na cidade, engoliam!
Nessa mesma cidade,
morava Carol, uma moça linda que encantava qualquer um com sua beleza e
simpatia. Mas a maior qualidade de Carol, não era essa. Carol sempre foi muito
esperta e muito perspicaz. Ela resolveu descobrir o segredo do abraço fúnebre
da amiga. Aquilo não cheirava bem.
Um belo dia, Carol pediu a Marina que fosse em uma cidade vizinha buscar uma encomenda para ela. Pediu a uma amigo que a levasse lá, em seu carro, e assim foi feito.
Um belo dia, Carol pediu a Marina que fosse em uma cidade vizinha buscar uma encomenda para ela. Pediu a uma amigo que a levasse lá, em seu carro, e assim foi feito.
Quando ela saiu da cidade, Carol foi na rádio local e anunciou para todo mundo que haveria um velório à noite que era uma brincadeira. O pseudo morto seria o Sr Benedito, um velhinho de quase 90 anos muito querido por todos na cidade.
Circo armado, velhinho no caixão cheio de flores, toda a cidade fingindo chorar no velório e chega a Marina, esbaforida se derretendo em lágrimas. Deu um abraço na viúva e começou a fazer o circuito de fofocas.
O padre então resolveu antecipar o sepultamento e mandou fechar o caixão. Marina seguiu o seu ritual, deu seu último chilique, abraçou o caixão, foi no ouvido do Sr. Benedito e disse:
Circo armado, velhinho no caixão cheio de flores, toda a cidade fingindo chorar no velório e chega a Marina, esbaforida se derretendo em lágrimas. Deu um abraço na viúva e começou a fazer o circuito de fofocas.
O padre então resolveu antecipar o sepultamento e mandou fechar o caixão. Marina seguiu o seu ritual, deu seu último chilique, abraçou o caixão, foi no ouvido do Sr. Benedito e disse:
- O Sr. nem esfriou e o Zequinha da farmácia já está de olho na sua mulher!
Imediatamente Sr. Benedito esbravejou:
Imediatamente Sr. Benedito esbravejou:
- Como é, Marina???
Claro, Marina só conseguiu virar os olhinhos antes de cair para traz desmaiada, esturricadinha.
Tiraram o Sr. Benedito do caixão, colocaram a Marina lá dentro, puseram a tampa e começaram a caminhar em direção ao túmulo, com todos, quase em coro, chorando e gritando:
- Pobre Marina, morreu tão nova nossa fofoqueira.
Nisso ela acordou, percebeu o que estava havendo e começou a esmurrar a tampa do caixão por dentro e gritar: - Parem, eu estou viva.
Dez minutos depois, quando Marina já estava rouca de tanto gritar e após Carol ter feito xixi nas calças de tanto rir três vezes, resolveram abrir a tampa do caixão e o padre perguntou a ela:
- Apendeu a lição,
Marina??? Ou será que ainda tem alguma fofoca para contar para nós???
Escrito por Helio Faria Junior
Escrito por Helio Faria Junior