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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

UM ROLA E RALA COM MINHA TICA


No fim de semana passado estávamos só eu e minha esposa Tica na chácara. Na sexta-feira tomamos um bom vinho à noite, comemos um fondue de queijo e tivemos uma noite dos sonhos. Sei lá a que horas fomos dormir.
Na chácara temos uma piscina de pedras e cinquenta metros abaixo, indo por uma trilha larga feita de cascalho pedregoso, há uma represa onde o pessoal local diz ter uma sucuri muito grande. Apesar de jamais ter sido fotografada ou ter sumido alguma criação das chácaras do entorno, Tica tem pavor da represa porque diz que lá tem uma cobra. Apesar de muito religiosa, acho que ela prefere ver o cão chupando manga do que chegar perto da represa.
No sábado, Tica acordou eufórica e me chamou para dar um mergulho na piscina. Vestiu um biquine minúsculo, eu vesti uma bermuda e saímos correndo em direção à piscina como dois adolescentes.
Chegando lá, ela resolveu dar uma volta correndo na piscina só que ao tentar fazer a primeira curva, escorregou, caiu e saiu rolando pela estradinha de cascalho. Tudo que eu pude fazer foi correr atrás, mas como ela estava muito rápida, só parou quando caiu dentro da represa.
Tive a impressão que ela sequer afundou. Do jeito que ela bateu na água, levantou-se como um gato e com medo da sucuri voltou correndo trilha acima. Tica ralou tudo, da testa à ponta do dedão do pé.
Foi engraçado porque eu ia correndo trilha abaixo para acudi-la e ela veio correndo trilha acima, e instantes antes de cruzar comigo gritou, babando de ódio:
- Se rir eu mato você...
Passou direto e reto por mim e sem pensar pulou dentro da piscina para tirar toda a terra que estava em seu corpo, só não se deu conta que estava toda ralada e na água da piscina havia muitos produtos de limpeza.
Eu parei e comecei a correr atrás dela. Claro que ri muito, mas bem baixo para preservar minha integridade física. Tica tirou a cabeça da água gritando muito porque seu corpo ardia inteiro e eu assustei, achei que ela estava se afogando. Corri na velocidade que pude e sem pestanejar mergulhei em direção a ela, a abracei e a levantei, e ela então gritou:
- Me solta que seu abraço está fazendo arder mais ainda os meus ralados...
Tivemos que ficar a semana toda na chácara para que os ralados de Tica melhorassem. Todas as noites ela dormiu pelada, sentada à mesa da cozinha só com o queixo apoiado e toda besuntada de mertiolate e hipogloss.
Eu, marido dedicado que sou, fiquei todo o tempo a seu lado, tanto de dia quanto à noite quando eu dormia em um edredom, embaixo da mesa e ela apoiava os pés em mim. A única coisa diferente que usei foi uma máscara que os médicos usam nas operações. Para a Tica eu disse que era para não infeccionar as feridas dela, mas na verdade era para que ela não me visse rindo porque toda vez que eu a olhava pelada e toda ralada me lembrava da cena dela rolando morro abaixo em direção à sucuri...
Escrito por Helio Faria Junior

domingo, 21 de setembro de 2014

O QUE SERIA DE MIM SEM MINHA ESPOSA



Esta é uma pergunta que não quer se calar. Evidentemente que sua esposa é completamente diferente da minha. A única coisa que se assemelha nelas é o fato do CPF das duas ter onze dígitos. O resto é completamente diferente, não é mesmo???

Ontem, servimos o almoço e eu percebi que não havíamos posto na mesa o pegador de macarrão. Levantei-me, abri uma gaveta que estava atrás de mim. Minha mão se dirigiu ao interior da gaveta para pegar o tal talher quando uma voz de taquara rachada ecoou no ambiente:

- PAIXÃO, PEGA PELO MENOS O PEGADOR DE MACARRÃO, EU SOU UMA SÓ...

Como em meus ouvidos aquela taquara rachada soou como canto de passarinhos na relva, sempre respiro  fundo, sorrio  com um lado só da boca, espiro com intensidade e penso:

- O que seria de mim sem ela???

Outro fato que também chama a atenção é a postura de copiloto instrutor que minha mulher assume quando eu estou dirigindo.

- VOCÊ ESTÁ RÁPIDO DEMAIS...

- VOCÊ ESTÁ DEVAGAR DEMAIS...

-SAI DO MEIO DA RUA E VEM PARA O CANTO...

-PRECISA ANDAR ASSIM COLADO NO MEIO FIO???

- OLHA A VELHINHA...

- OLHA A CRIANÇA...

- DÁ CONTA DE ESTACIONAR AÍ??? (Onde cabem duas carretas)

E nos radares ela me avisa muito mais que as placas e muito antes delas e com um diferencial fundamental: Cada aviso é dois tons acima do anterior:

- O radar aqui é 40 km/h

- O RADAR AQUI É 40 KM/H...

- O RADAR AQUI É 40 KM/H...

Quando acabo de passar, sempre vem aquela pergunta que me enche de bons sentimentos e vontade de beijá-la:

- Passou a quanto no radar???

Eu fico imaginando como é que antes de conhecer minha esposa eu nunca fui multado sendo que sempre dirigi sozinho e passei por 86.378 radares...

A pergunta que não quer se calar continua:

O QUE SERIA DE MIM SEM MINHA ESPOSA???


Escrito por Helio Faria Junior

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

OS PROBLEMAS DE QUEM EMAGRECE



Este é um assunto que só tem noção quem já, como eu, emagreceu bastante em um espaço de tempo relativamente curto.

O cinto é um deles. Quando a gente tem um peso estável, parece que o cinto é automático. A gente põe o cinto e parece que a lingueta dele tem um rastreador para o buraquinho certo. Não precisa nem olhar. É só puxar e pronto, o cinto está colocado certinho.

Quando você emagrece, o inferno começa porque a lingueta insiste naquele buraquinho que não serve mais. Daí a gente tem que procurar um novo buraquinho, o que é um tormento porque o primeiro anterior ao de costume fica frouxo demais e o segundo, apertado demais.

Daí você tem que tomar uma decisão para acabar com a tortura: Ou emagrece mais um pouquinho ou engorda  um pouquinho ou faz um novo buraco ou compra um cinto novo.

Outro problema é quando você encontra um amigo na rua. Se ele não tem intimidade com você, olha com cara de nojo se não der tempo de mudar de calçada antes. Se tem intimidade, ele olha para você com cara de pena e pergunta:

- Cara, que problema você tem, pode se abrir comigo...

E você é obrigado a ser gentil e dizer:

- Problema nenhum, não tenho doença nenhuma, só resolvi ter um peso adequado e emagreci.

Se ele acreditar, beleza, mas nem sempre isso acontece e aí a fofoca rola solta.

Outro problema é com as cuecas que alargam porque nossas coxas aumentam de volume. Quando a gente emagrece, nossos coquinhos escorregam pelo alargamento e ficam batendo nas pernas.


Só quem é homem é que pode entender a dimensão desta aflição. É indescritível a vontade que dá de enfiar a mão dentro das calças para ajeitar as coisas. Mas não dá para fazer isso em qualquer lugar e não adianta nada porque no terceiro passo que a gente der eles fogem de novo. O negócio é comprar cuecas menores no momento em que você decidir emagrecer . Ação preventiva.

Você que pensava que estar acima do peso era um problema, agora sabe que voltar ao peso ideal são vários problemas!

Escrito por Helio Faria Junior