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sexta-feira, 5 de julho de 2013

VÍTIMA DE PRECONCEITO

 John e William são amigos da vida inteira e ambos filhos de casais ingleses e ambos nasceram aqui quase na mesma data. Estudaram nas mesmas escolas, frequentavam os mesmos clubes, moravam no mesmo bairro e tinham a mesma turma.

No vestibular, John passou e William não. Após a segunda tentativa seus pais o enviaram para a Inglaterra para que ele conseguisse uma profissão.


John era um homofóbico de carteirinha e chegou a se envolver em algumas confusões por causa disso, William era mais tranquilo e nada preconceituoso.


Um belo dia, os pais de ambos voltaram para seu país de origem
 e William resolveu voltar ao Brasil e procurou o amigo John para que pudesse ficar por um tempo em seu apartamento. Como John era solteiro e muito trabalhador, consentiu desde que ele tomasse conta da administração da casa.

Acordo selado, os dois conviveram pacificamente e estava bom para os dois com um trabalhando igual um camelo, comprando carros, apartamentos para alugar, lancha, chácara na região serrana do Rio de Janeiro e o outro cuidando da administração de tudo, inclusive das questões do condomínio porque John era o síndico. Ele assinava tudo e não lia nada, confiava cegamente no amigo.

Os dois eram realmente muito amigos, saiam juntos para as baladas, viajavam juntos de férias e William fotografava tudo, filmava o que podia e mantinha tudo arquivado. O inusitado é que toda vez que John arrumava uma namorada, William dava um jeito de criar uma situação embaraçosa para que o namoro acabasse.


Na manhã seguinte da formatura de William, John entrou em seu quarto e o encontrou nu com um amigo dormindo na mesma cama. Armou o maior escândalo, jogou as coisas do outro pela janela, desceu com ele no elevador o estapeando, e na porta do prédio lhe deu um pontapé no traseiro fazendo com que ele se esborrachasse no meio da rua. Tudo isso filmado pelas câmeras de segurança do edifício.


Quinze dias depois, John recebeu em seu apartamento um oficial de justiça o intimando para comparecer à segunda Vara Cível do Rio para tratar de seu divórcio. Ele não entendeu nada porque nunca havia sido casado e nem namorada tinha.


Quando chegou lá, era William o autor do pedido de divórcio, pedindo metade de todos os bens e uma pensão alimentícia, além de um processo por agressão e homofobia. John pensou em esganar William mas mudou de ideia quando viu que ele estava acompanhado de três amiguinhos bem parrudos.

O Juiz, diante das provas irrefutáveis de vida marital provadas com passagens de “lua de mel”, fotos, filmes, gravações das câmeras de segurança do prédio e outras provas, deu ganho de causa a William. John babou de raiva o tempo todo, mas tudo que conseguia fazer era berrar que o outro era maluco, mentiroso e o Juiz acabou por retirá-lo da sala por ataque de homossexualismo...


John ficou desmoralizado no prédio, com os amigos e no trabalho, não por sua condição de “homossexual” mas por ser um sujeito dissimulado que escondia sua real situação até mesmo com violência.


Hoje, William vive em um baita apartamento em Ipanema com seus amiguinhos enquanto John entrou para um convento de padres capuchinhos onde vive enclausurado só lendo e estudando. Virou um sábio!


Coitado, mais uma vítima do preconceito....


Escrito por Helio Faria Junior 

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