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domingo, 2 de setembro de 2012

A CORRIDA DE ELIZEU



Elizeu é uma daquelas figuras mais alegres e simpáticas do mundo. Um sujeito que não pode faltar em festa nenhuma, pela alegria e simpatia que transborda. O mesmo tamanho de sua alegria é sua vontade de fazer coisas que fazia há trinta anos e não consegue fazer mais. Outro dia, Elizeu resolveu participar de uma corrida de 10 km chamada CORRIDA DO SOL, em Brasília.

Elizeu, entrou no GOOGLE e leu tudo sobre corridas de médias distância e se preparou como um verdadeiro campeão. Usou um tênis NIKE especial para corridas, embalou os dedos dos pés com muito esparadrapo e vaselina, pôs cotoveleira, joelheira, viseira, óculos escuros aerodinâmicos, bermuda térmica, short de corrida leve, camiseta regata bem solta e encheu o corpo com adesivos SALOMPAS contra a dor. Tinha adesivo até na testa, mais parecia uma múmia que um corredor.

Lá vai nosso herói, preparadíssimo para sua corrida, mas vale lembrar, que a última vez que Elizeu correu foi de seu quarto para a cozinha de seu apartamento, e chegou esbaforido.

Começa a corrida e Elizeu, que conseguiu largar entre os favoritos porque era amigo do patrocinador, começa com passos largos e cadenciados e um enorme sorriso no rosto. Em oito segundos, ele já era o último dos favoritos e já havia sido ultrapassado por 14 corredores do pelotão intermediário. O grande sorriso da largada já estava meio amarelo e em 200 metros, o sorriso desapareceu.

A corrida tinha duas chegadas, uma aos 5.000 metros e outra aos 10.000 metros e nosso herói, até que ia bem, suando mais que uma torneira aberta, mas ainda teve fôlego e disposição para chamar de frouxos aqueles que paravam nos 5.000 metros.

A corrida, começou às quatro horas da tarde, e às oito horas da noite, nosso guerreiro com a velocidade de um raio, já havia ultrapassado a marca dos 8.000 metros. Parecia que Elizeu tinha engolido  tinha uma bola de futebol de salão e ela tinha entalado no joelho, de tão inchado que estava.

Às onze da noite, nosso herói apontou na reta de chegada.  De longe, a impressão que tínhamos era que ele vinha de lado. De perto, tivemos certeza. Faltavam apenas 100 metros. Em pouco menos de 59 minutos, nosso THE FLASH percorreu essa distância e cruzou a linha de chegada onde lhe aguardavam, um juiz, um cinegrafista, sua  namorada, aos prantos, eu e um assaltante que roubou seus tênis.

Da linha de chegada, Elizeu foi para um hospital de urgências para exames de rotina de onde saiu menos de seis meses depois. Ele ficou classificado em penúltimo lugar na corrida. Um corredor teve um ataque cardíaco e foi levado de ambulância sem cruzar a linha de chegada.

Hoje, Elizeu está mais centrado e é bicampeão Brasiliense Master de HALTEROCOPISMO, que é o esporte de levar um copo de cerveja da mesa à boca e coloca-lo de volta na mesa para encher de novo. Adaptou seu corpo ao novo esporte e vive, como sempre, feliz da vida. Pelo menos, nunca mais correu!!!

Escrito por Helio Faria Junior

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