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segunda-feira, 17 de junho de 2013

A DERROCADA DE UM MACHÃO









     
Esta história aconteceu nos idos do início do século retrasado, mil oitocentos e bolinha, no interior do estado do Rio de Janeiro em um município chamado Baltasar que nem sei se existe mais, mas ficava próximo a Santo Antônio de Pádua.

Lá vivia José Antônio Camacho, predestinado a ser machão conhecido por todo mundo por ZECA MACHO. Era realmente daqueles machões inveterados com cara de mal que só andava todo de preto, inclusive seu chapéu e sua longa capa. Parecia o Zorro sem máscara.




Tudo que ninguém tinha coragem de fazer, chamavam o ZECA MACHO. Sempre que chegava um forasteiro metido a valente na cidade era ele quem dava jeito no sujeito. Aparecia uma cobra em algum lugar, ele ia lá, pegava, matava e se exibia mostrando seu troféu para todos dando muita risada e exibindo seus dentões.




O que ele mais gostava era que alguém o desafiasse. Ele armava o maior forrobodó, aceitava o desafio para depois se exibir. Até que um dia um anãozinho da cidade conhecido por Pingo de Gente resolveu desafiar ZECA MACHO e numa roda de um bar falou para todo mundo ouvir:




- Você tem muita coragem com os vivos por causa do seu tamanho. Quero ver se é tão valente assim com os mortos. Você não tem coragem de pregar um prego no túmulo do Padre Afonso à meia-noite da sexta-feira, dia 13 de agosto.




Aquilo foi a mesma coisa que oferecer banana para macaco. ZECA MACHO aceitou o desafio e disse que depois de colocar o prego lá ia costurar a boca do anão para nunca mais falar bobagens.




Cinco para a meia-noite de uma sexta-feira, 13 de agosto, noite de lua cheia, ZECA MACHO sentou-se no túmulo do Padre Afonso, com seu chapéu e sua capa preta e tirou do bolso uma enorme agulha com linha, um imenso prego de porteira e um martelo sob o olhar atônito de quase toda a cidade. Meia-noite em ponto, martelou o prego até o fim e levantou-se para pegar o anão e costurar sua boca.




Ele não se deu conta que tinha pregado junto a sua capa e quando deu o primeiro passo, a capa o puxou para trás. O susto foi tão grande que ZECA MACHO teve um infarto e morreu. O anão ao vê-lo levantar-se do túmulo em que estava sentado teve uma incontinência intestinal severa, desmaiou mas viveu para contar esta história aos meus antepassados que hoje eu eternizo aqui.



Ao acordar no hospital levou logo a mão à boca e percebendo que não estava costurada, riu tanto que desmaiou de novo!!!



Escrito por  Helio Faria Junior 

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