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quarta-feira, 6 de junho de 2012

AS DUAS MORTES DA VELHINHA



Seu Antônio era um coveiro enorme, a simpatia em pessoa, mas tinha uma certa dificuldade no falar. Quando nasceu seu primeiro filho ele foi ao cartório fazer o registro de seu filho e por sua dificuldade acabou registrando seu filho como Antrônio.

Quando cresceu, Antrônio ficou tão grande, quase dois metros de altura, 130 quilos, e por estas características nós o apelidamos de Megantrônio, que seguiu a profissão do pai e também se tornou coveiro, só que muito preguiçoso.

Ele não era gordo, era grande. Daqueles que a gente chama de armário embutido. Era muito forte e todo proporcional. Quer dizer, quase todo proporcional, se você me entende.

Um dia, morreu Dona Laura, uma velhinha que já tinha se esquecido de quando tinha feito 90 anos. Uma cerimônia simples e Megantrônio desceu o caixão na cova, no final de uma tarde cinzenta.

Como era muito tarde e ele era muito preguiçoso, deixou para cobrir o caixão de terra mais tarde e foi dormir. Como ele morava no cemitério, acordou no meio da madrugada, e só de cuecas foi jogar terra na cova da velhinha. A tampa do caixão estava mal fechada e ele a abriu para trancar bem. Quando ele tirou a tampa, a velha pulou para cima dele. Ela não tinha morrido. Tinha tido um ataque de catalepsia.

Megantrônio tomou um susto tão grande que desmaiou e caiu para trás. A velhinha vendo aquele homem enorme, só de cuecas, não se conteve e resolveu se aproveitar da situação, não perdeu tempo e foi logo tirando a cueca dele.

Foi neste momento que ela descobriu que Megantônio não era tão proporcional quanto parecia. A decepção dela foi imensa ao não encontrar praticamente nada. Colocou os óculos e nada! A velha soltou um grito ensurdecedor que ecoou por todo o cemitério e aí sim, teve um infarto fulminante e despencou para dentro da cova de novo, caindo certinha dentro do caixão.

O berro da velha foi tão grande que despertou nosso herói, que ao se ver pelado se perguntava o que havia acontecido sem entender nada. Vestiu sua cueca e como a velha estava durinha, mortinha dentro do caixão, tratou de fechar a tampa, atarrachando bem os parafusos, jogou toda a terra que podia, socando bem e ainda fez um monte em cima de um metro de terra, por segurança!

A história que ele conta, não tem nada parecido com o ocorrido, mas o fato é que nunca mais Megantrônio andou de cuecas pelo cemitério e seu trabalho passou a ser sempre de dia, com testemunhas. Seguro morreu de velho!!!


Escrito por Helio Faria Junior

4 comentários:

  1. Engraçado, Helinho!! Só que no lugar do Megantrônio, fiquei imaginando meu cunhado, que é um cara enorme que também se chama Antônio, só que ele não é coveiro...

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  2. Muito boa... Coitada da velhinha... e coitado do rapaz, tão pequenininho...

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  3. È o que sempre digo tamanho não é documento kkkkkkkkkk

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  4. Se a velhinha não tivesse sido tão ganancioso poderia ter tirado uma casquinha do Megantrônio. Poderia ter terminado com um "E viveram felizes para sempre." :D

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