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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

UM AMOR QUASE ETERNO


Severino, paraibano, e Gracielle, maranhense, foram para São Paulo tentar a sorte e por lá se conheceram. Pela pureza e timidez dos dois, gastaram mais de um ano flertando para então começar a viver um lindo caso de amor. Viviam um para o outro e o outro para o um.
A maior diversão extravagante de Severino era pitar um cigarrinho de palha, que Gracielle não gostava, mas também não reclamava. Aliás, ela não reclamava de nada. Sua grande alegria era de estar com ele, do jeito que fosse.
Um belo dia, foram convidados para ir em uma balada na casa de um amigo do amigo. Severino, passou leite de rosas no sovaco  pegou uns dez pacotinhos de lenço umedecido, igual ao que davam em avião quando distribuíam jornal, esfregou pelo corpo, colocou sua roupinha de missa e lá foi ele buscar Gracielle se sentindo o cara mais lindo e cheiroso do mundo.
Quando chegou na casa dela, estava prontinha com laço vermelho na cabeça, vestido rendado e uma suave maquiagem que a patroa tinha feito. Estava linda, parecia uma princesa.....e lá foram os dois para a balada, à pé, claro!
Chegando lá, os dois ficaram em pé em um canto, amuados, afinal não conheciam ninguém, até que Severino viu uns rapazes no jardim preparando um cigarrinho que ele pensou se tratar de cigarro de palha.
Chegou junto, se encheu de coragem e falou:
- Oi amigos, eu também gostaria de fumar um cigarro de palha, mas não trouxe meu fumo de rolo. Será que vocês poderiam fazer um para mim....
Os rapazes se entreolharam com um sorriso no canto da boca de cada um e o mais atiradinho, perguntou:
- Você prefere o cigarro mais grosso ou bem fininho, e Severino respondeu: - Grosso, eu sou é homem!
Para quê, meu DEUS, para quê???
Prepararam um cigarro enorme e grosso com aquela erva do capeta e quanto mais Severino fumava, mais solto ele ficava. Começaram então a socar bebida no coitado. Era pinga, vodka, tequila, e tudo mais que tinham, até que Severino endoidou de vez. Começou a tocar “mexe a cadeira” e ele subiu em uma mesa, arrancou a camisa e começou a rebolar. Dançou de tudo, dancinha da garrafa, funk, punk, new wave, rock e tudo que pintou e Gracielle estarrecida em seu canto, não conseguia entender nada de tão apavorada que estava.
Quando ele tentou tirar as calças, Gracielle não se conteve e soltou um berro estridente: - Paaaaaaaaaaaaaaaara!!!
Bem, a festa parou. Gracielle conseguiu levá-lo para casa, onde já caiu na cama desmaiado. Voltando para sua casa aos soluços, viveu a maior decepção de sua vida.
O fim desta história é que Gracielle retornou para sua cidade natal, Grajaú, se casou com o vigário que largou a batina e nos últimos dez anos, tiveram onze filhos. Vai gostar de filho assim lá longe.....
Severino se desgostou de nunca mais sequer ter tido notícias de Gracielle, passou a animar festas dançando nas mesas, depois foi dançar em uma boate gay e hoje é a mais conhecida Drag Queen de São Paulo, a Marilhona, que se você oferecer um cigarro para ela, ela responde:
- Vixe Maria, nem por decreto do Papa!!!

Escrito por Helio Faria Junior

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