Paulinho é meu Personal Trainer de Cuiabá/MT.
Ele é o melhor Personal de todo o Mato Grosso. É um cara muito forte, estudioso
de sua profissão, motoqueiro e tem muitas outras qualidades. Mas, vacilou.
Super confiante em sua moto, e em suas habilidades, acabou sofrendo um acidente
sério, quebrou as duas pernas, teve fratura exposta e quase virou farinha.
Fez cirurgias delicadíssimas, colocou
pino até nas orelhas, precisou inicialmente de meses de repouso absoluto e em
seguida meses de fisioterapias diversas e diárias. Ele ficava todo prosa com as
fisioterapeutas. Jogava todo seu charme para cima delas, mas era um verdadeiro
“mosca de padaria”, que fica voando em volta do vidro, mas não leva nada para
casa!!!
Até que um belo dia recomeçou a
andar, com um andador, mas já andava. Chegou a hora dos exercícios
fisioterápicos na piscina. Nosso herói pôs as minhocas de sua mente para
funcionar e para imaginar as fisioterapeutas de biquini, em volta da piscina e
pulando para ajudá-lo dentro d’água.
No primeiro dia lá foi ele com seu
andador todo alegre para a nova clínica. Na subida da rampa, com esforço
hercúleo, conseguiu chegar ao meio e cruzou com uma velhinha de uns 95 anos, de
robe e maiô por baixo, descendo com duas bengalas e disse-lhe:
- Força colega, eu já estive assim como
você e olhe agora como estou bem melhor!!!
Paulinho quase desistiu ali mesmo.
Era melhor ter dado uma bengalada nele. Mas ele se superou e resolveu seguir em
frente. Aquele final de rampa parecia interminável. Quando chegou lá em cima,
com o ânimo meio detonado pelas palavras incentivadoras da velhinha, foi
recebido por um rapaz alegre que disse:
- Pauliiiiinho!!! Você está óóóótimo
e nós vamos deixar você novinho em folha. Deixe eu ajudá-lo....
Como que por instinto, Paulinho
respondeu:
- Não precisa, eu vou sozinho!
Quando conseguiu chegar à piscina,
levou dois choques. O primeiro foi ver que dentro da água tinham umas cinqüenta
velhinhas que o mediram com os olhos de cima a baixo umas vinte vezes.
O segundo foi quando sentiu duas mãos
em sua cintura e uma voz grossa falando quase dentro de seu ouvido:
- Eu sou o Sergião, fisioterapeuta da
piscina!
Paulinho queria chorar. Cadê as
gatinhas, cadê a fisioterapeuta de biquini. Olhava para frente um monte de
velhinhas taradas, olhava para trás, um armário embutido de sunguinha, com dois
metros de altura com cem dentes na boca, rindo para ele o tempo todo.
Foram meses de extrema angústia para
nosso protagonista. Olhava para um lado, velha tarada olhando para ele, olhava
para o outro lado, a mesma coisa, olhava para trás, a mesma coisa e olhava para
frente, via dois pés tamanho 54, com unhas imensas do Sergião. Paulinho esse tempo todo não ousou olhar para
cima com medo do que poderia ver.
Paulinho, agora curado, prometeu que
nunca mais anda de moto. Não pelas fraturas, mas pelo pavor de ter que voltar a
fazer fisioterapia na piscina!!!
Escrito por Helio Faria Junior