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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

MINHAS DUAS VIVIANES

MINHAS DUAS VIVIANES 

Comecei a namorar uma moça chamada Viviane, muito legal, muito bonita e muito ciumenta também. Tinha ciúmes da minha sombra que me acompanhava o dia todo e ela não podia fazer isso. Me sufocava de tal maneira que o relacionamento foi se desgastando e acabou por acabar. 

Conheci uma outra moça, morena, linda, charmosa, com o sorriso mais lindo do mundo. Me encantei logo de cara, ela parecia a princesa que de fato era, pois seria bistataraneta do último Imperador da Látvia mas para meu azar também se chamava Viviane e aqui vamos chamá-la de Viviane Princesa para diferenciar da primeira. 

Um belo dia, num fim de tarde, eu estava em meu escritório e recebi um telefonema dizendo que a tia de minha princesa, que estava em coma há três anos, havia morrido e me passaram o endereço de onde seria o velório. Anotei tudo em um pedaço de papel, passei para a minha secretária e pedi que ela telefonasse para Viviane, informasse o ocorrido e passasse o endereço porque eu já estava indo para lá. 

Só que a minha secretária é meio avoadinha, lerdinha mesmo e em vez de telefonar para minha princesa, ligou para a primeira Viviane e como eu havia saido correndo, me ligou no celular e disse: 

- Tudo certo chefinho, liguei para a Viviane, avisei a ela e ela já está indo para lá. Chefinho, ela ficou muito abalada! 

Apesar de não entender o abalo dela, afinal sua tia já tinha 106 anos e estava em coma há muito tempo, não fiquei preocupado. Chegando lá, encontrei minha princesa muito tranquila e serena ao lado do caixão, a abracei e percebi que ao lado dela estava a Dona Lalinha, tia da primeira Viviane, que era amiga da falecida e eu não sabia, mas não comentei nada. 

De repente eis que adentra o recinto a primeira Viviane se debulhando em lágrimas, as duas se entreolham e com aquelas faquinhas de lâminas tortas e amarelinhas saindo dos olhos, minha princesa falou bem alto para a outra escutar: 

- O que essa mocréia, pistoleira, falsa, papa-defunto está fazendo aqui??? 

A primeira Viviane olhou para ela, em seguida olhou para mim e em seguida viu, ao nosso lado, sua tia Lalinha, vivinha, que abriu os braços para ela e lançou um lânguido sorriso. Ela só teve tempo de arregalar os olhos, soltar um grito histérico e desmaiar. Minha princesa se assustou e disse: 

- Meu DEUS, matei a pistoleira periguete....e também desmaiou, mas sem desgrudar do meu braço. Acho que foi um instinto feminino para que eu não acudisse a outra. Pronto, barraco armado, corre-corre, gritaria, choros alucinados. Com muito custo consegui uma ambulância e fomos os três para um hospital. Eu e as duas Vivianes. 

O médico colocou soro com sonífero nas duas e as transferiu para um mesmo quarto com duas camas. Por que, meu DEUS, por quê ??? De manhã bem cedo, liguei para uma floricultura, encomendei para minha princesa as flores mais lindas do mundo, ditei dizeres do cartão e fiquei na sala de espera do hospital aguardando. Lá pelas nove da manhã o médico me autorizou a entrar no quarto. Entrei e logo atrás veio o rapaz das flores que perguntou quem era Viviane... E a primeira, mais ousada, levantou a mão e o rapaz disse: 
  
- São flores do seu namorado, Helio, dizendo que ama você profundamente e quer se casar com você! 

A última coisa que me lembro antes de desmaiar, com a um celular que acidentalmente bateu no meio da minha testa foi de um sonoro berro vindo da outra cama: 

- O QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ............ e duas moças rolando pelo chão do quarto puxando o cabelo uma da outra. 

Escrito por Helio Faria Junior 

Um comentário:

  1. Isso é que é gostar de viver perigosamente. E mais cuidado com celulares voadores.

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