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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

LUA DE MEL NA CIDADE DE GOIÁS



Hoje vou contar para vocês a história da lua de mel de um amigo meu, aqui no interior de Goiás. Você conhece a cidade de Goiás hoje??? É a antiga capital do estado, na época do Dom João Charuto.
Meu amigo se casou e foi passar a lua de mel lá na cidade de Goiás. Imagine as estradas do interior trinta anos atrás.
Bem, eram outros tempos, a vida era muito difícil e mais difícil ainda ficou a vida da comadre, que nunca tinha.....você sabe, nunca tinha revirado os olhinhos, e meu amigo era....não sei como dizer....muito poderoso, entende?
Só posso dizer que a coisa foi tão desarrumada que os dois até hoje só tem um filho e acho que foi nesse dia que ela engravidou.
Meu amigo detonou a comadre que ficou escangalhada, acordou de manhã, com os olhinhos um para cada lado. Andava e gemia, gemia e andava. Meu amigo ficou preocupado com o estrago que fez, mas pão duro do jeito que era, desceu para o café da manhã e comeu tudo que tinha direito, parecia a última refeição do condenado e ainda saiu com cinco pãezinhos de queijo e cinco potinhos de geleia no bolso.
Arrumaram as trouxinhas e de tanto ouvir os "ais" da comadre, tentou fazer um carinho na comadre mas recuou no primeiro safanão.
Entraram no ônibus rumo a Goiânia, que ficava a 135 quilômetros de distância e se levava pouco mais de sete horas, comendo poeira e respirando fumaça.
A vingança veio a cavalo e as tripas do meu amigo Bebê (carinhoso apelido que significava bebê de jegue), começaram a pular, anunciando chuvas e trovoadas. Quem manda (ai) comer igual a um animal(ai), daquele jeito(ui), resmungou a comadre, e Bebê não sabia a que ela se referia.
Ele falou com o motorista sobre seu estado de calamidade, mas o motorista disse que o próximo posto de combustível, ficava a 40 quilômetros e o ônibus ia levar duas horas para chegar lá, e não era lanchonete de parada!!!
Meu amigo foi ficando verde com listinhas e suava tanto que parecia ter tomado um banho. Cada sacudida do ônibus a comadre resmungava "ai" e ele respondia "ui", ficando cada vez mais vesgo porque o ônibus pulava a cada três segundos, vocês podem imaginar.
Passada uma eternidade, chegaram no posto, um lugar tão feio, que ninguém teve coragem de descer do ônibus nem para dar milho para as galinhas ou para os leitõezinhos fazerem cocô, só Bebê desceu porque não tinha alternativa...
Desceu verde e voltou amarelo e de constrangedor só mesmo um gaiato lá do fundão que gritou quando ele entrou: - Não sobrou nem um restinho para fazer aqui, né?
Constrangedor também foi a chegada deles na rodoviária, onde amigos e parentes, inclusive eu, aguardavam surpresos a volta dos nubentes...
Primeiro desceu ela, desconjuntada, andando e gemendo, roxa de vergonha, com um olho para cada lado. Depois desceu ele, um verdadeiro patriota, verde e amarelo, andando e gemendo, totalmente vesgo...
Até hoje este episódio era comentado entre os amigos e ninguém sabia a versão real, só sabiam que se quisessem comprar uma briga feia com a comadre era só convidar pra um fim de semana na Cidade de Goiás...
Por Helio Faria Junior

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