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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

BRUXARIA ESPANHOLA

Se esta é a primeira vez que você lê um texto meu, eu aconselho a ler primeiro o conto A TRISTE SINA DO GALO PROSCHKA E DE SUA FIEL GALINHA DO AÇUDE para entender melhor o nosso personagem de hoje. 
 
Trata-se do gigante polonês STANISLAW PROSCHKA que antes de se mudar definitivamente para o Brasil, passou uns tempos morando na Espanha. Não me pergunte por que raios ele saiu da Polônia porque eu não sei. Só sei que foi no início do século passado.
 
PROSCHKA sempre foi um cara simpático, mas extremamente tímido, supersticioso até a última gota, morava em uma micro chácara próxima a Madrid e tinha como vizinho, o não menos simpático, mas bem mais extrovertido JUAN NAVAJO, um professor da escola municipal. JUAN era incomodado porque há anos que PROSCHKA passava três vezes por dia na porta de sua casa e com um sorriso meigo, cabeça baixa e falava sempre as mesmas coisas: Puenos Tias, Puenas Tartes, Puenas Noches!
 
Juan nunca teve uma chance de se aproximar do Polonês, até porque, havia um problema. PROSCHKA criava vários bichos exóticos, iguanas, lhamas, avestruzes e um papagaio que era tão querido que era tido como um membro da família do polonês e tratado a pão-de-ló e JUAN tinha um cachorro enorme caçador, que ele morria de medo que atacasse o papagaio que vivia solto.
 
Um belo dia, no finalzinho de uma tarde, bateram à porta de JUAN, qual não foi sua surpresa e alegria quando viu STANILLAW PROSCHKA com seu costumeiro e meigo sorriso dizer:
- Ficinho, eu precisa de uma grande fafor!
 
O professor que esperava por isso fazia muito tempo ficou transbordando de felicidade, fez PROSCHKA entrar, é lógico que teve que abaixar a cabeça para passar na porta, serviu-lhe um chá e ele pediu a JUAN que pusesse ração e água para seus animais em função de sua viagem. Era simples, os sacos de ração estavam etiquetados com os nomes dos animais. Seriam apenas três dias que transcorreram tranqüilos.
 
No último dia, JUAN entrou na chácara, pôs ração para os animais  e quando olhou para trás, viu seu cachorro caçador, com o papagaio morto e todo sujo de terra, preso entre os dentes. Entrou em pânico. A primeira coisa que pensou foi: - O polonês vai matar meu cachorro e depois vai me matar.
 
Pegou o papagaio, levou para casa, lavou bem o bichinho, ficou horas abanando para secar, passou um produto que sua mulher passava no cabelo para dar brilho na penas do papagaio e pôs o bicho cuidadosamente encostado no poleiro. À tardinha, PROSCHKA retornou, foi à casa de JUAN, agradeceu quinhentas vezes, entregou presentes para ele, para sua mulher e para seu filho e foi para casa. JUAN ficou morto de vergonha, se sentou na poltrona olhando com desprezo para seu cachorro e decidiu, no dia seguinte iria lá contar tudo para o polonês...
 
De manhã bem cedo, quando ia procurar o vizinho, encontrou um envelope na porta de sua casa com uma carta do polonês que dizia:
 
"Caro vicinho,
 
Aqui tem uma Brocurasson bara vender meu chácara e minhas animais e entregar todo o dinheiro bara a convento. Na noite em que viajei, minha papagaia morreu e eu enterrei atrás no quintal. Ela ressuscitou, ficou mais linda que nunca e foi bara sua poleiro morrer de novo. Isso ê mau sinal, coisa de bruxos.
Por issa, estou indo bara Brasil onde não tem bruxo, numa navio que está bartindo agora de madrugada...Xau e velicidades.
Obrigada bor tudo,
 
STANISLAW PROSCHKA"

Por Helio Faria Junior

4 comentários:

  1. Rsrsrssr...quase me acabo de sorrir,quem iria imaginar que esta bendito papagaio estivesse mesmo morto??rsrsrsrs
    E o coitado do cachorro, levou fama sem fazer...
    Bruxariaaaa,rsrsrsrsrsr
    Kherlone Garcia.

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  2. HahaHá!
    Essa foi a melhor de todas, Hélio, quase me mijei de tanto rir!
    E o mais engraçado foi que eu fiquei imaginando toda a história com o Proschka com a cara do Márcio Gaspre e o Juan Navarro com a cara do Frederico!
    Haha

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  3. elisa thomé da silva27 de janeiro de 2012 às 15:51

    Adorei! Muito bom mesmo! Agora vou ler o do Juan Navarro.

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