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domingo, 20 de novembro de 2011

PROGRAMA DE POBRE EM CUIABÁ


Os amigos mais próximos sabem que moramos em Cuiabá por três anos, mas aos amigos mais recentes, que não sabem, aviso que morei em Cuiabá por três anos. Um lugar maravilhoso, um povo maravilhoso, mas tem um problema, é quente, põe quente nisso!!! É tão quente que dizem que cuiabano quando morre e vai para o inferno leva um casaquinho!!!
Morávamos em uma casa sem luxos de pisos porcelanatos, mármores de carrara ou outros acabamentos sofisticado, mas era grande, com a área do terreno grande com mais de dez tipos diferentes de frutas, uma piscina e uma boa churrasqueira. Não preciso dizer que tinha festa toda hora.
Mas minha esposa, que vocês já devem conhecer o perfil pelos textos anteriores que publiquei aqui no blog (O EXAME, HEMORROIDAS EM CURA, O ESPERMOGRAMA, NOSSA PRIMEIRA VIAGEM À EUROPA, SÃO SEBASTIÃO DA HORA, MINHA MULHER PARPOU DE FUMAR, todos estes textos estão no blog, é só procurar) não queria mais saber dos programinhas corriqueiros como churrasco em casa a beira da piscina, fins de semanas na Chapada dos Guimarães, fim de semana em Hotel Pousada no Pantanal. Ela não queria mais nada básico, estava enjoada.
Resolveu então ligar para a prima Mariana (a Pouca Sombra), casada com o primo Mariano ( o Feicebunda que ganhou este apelido é porque ele já é bochechudinho de natureza, mas uma vez, infeccionaram dois dentes molares, um de cada lado e o rosto dele inchou tanto que parecia que a bunda tinha mudado de lugar, e ele só falava fazendo biquinho...rio só de lembrar, e ele tossindo é que era engraçado...rsrsrs). Mariana também era chamada de pouca sombra porque nos altos de seus um metro e quarenta e sete centímetros de altura, conseguia há anos se manter em forma, é, em forma de pamonha, amarrada pelo meio  com seus oitenta e dois quilos e meio bem distribuídos. Era uma graça, seus únicos defeitos eram não ter bunda e ter um chulé de derrubar lagartixa do teto.
Mariana teve então uma idéia brilhante, aliás, mais uma, ela só tinha idéias brilhantes: - Porque a gente não faz um churrasquinho à beira de um rio que Mariano conhece. Pronto, danou-se, vi um brilho no olhar de minha esposa, que das outras quarenta e seis vezes que vi, deu merda!!! E ela me sai com a seguinte pérola: - HELIO, (eu cheguei encolher o pescoço, lá vem bomba) vamos fazer um programa de pobre! Churrasquinho no Rola Moça (esse era o sugestivo nome do riozinho) com isopor e tudo!!!
Até que num primeiro momento achei que o programa podia não ser péssimo...! Vamos pagar para ver. Sai bem cedinho e comprei sal grosso, carvão, picanha, coração de frango, fiz uma carne serenada especial (um dia, caso o assédio seja muito grande, eu dou a receita de carne serenada especial no blog) comprei um isopor enorme lotado com COCA ZERO, GUARANÁ ANTÁRTICA ZERO e latinhas de SKOL, enchi de gelo picado, o tanto que deu, pus tudo no carro com a churrasqueira GENGISKAM  e minha esposa ligou prá Mariana, dizendo que em quinze minutos passaríamos na casa dela.
Até aí, pensávamos que eles iam com a gente. Chegamos a casa dele, seu super FUSCA  ano 62 estava preparado em uma ladeira  a três quarteirões da casa deles (só pegava no tranco) com uma panela de arroz, mandioca cozida, vinagrete, prato, toalha e mais uma montanha de cacarecos. Tinha até bóia de pneu cheia, imaginem...
Minha esposa, como sempre, com seu chapelão e seus óculos escuros quadradões, “DIESEL”, tão grandes que pareciam duas TV de plasma, nem do carro desceu. Dela eu só ouvi uma expressão: - Jesus Cristinho, o que eu fui inventar!!!
Mariano, que conhecia o caminho foi na frente e nós os seguindo. Fazia curva pra direita abria a porta da esquerda, fazia curva pra esquerda, abria a porta da direita. Logo entramos em uma estrada de terra quando pude perceber que um dos pneus traseiros do Fusca, saia fogo de tão careca que estavam...Preciso dizer que em trezentos metros furou um pneu?? Já paramos, começamos a beber a segunda e eu pedi a ele que pegasse o macaco....._ MACACO???!!!???
Chegamos finalmente ao rio. Tivemos que descer tudo dos dois carros: churrasqueira, farofa, bóia, cadeira, isopor. Montamos tudo, acendemos o fogo, só então Dona Encrenca nos deu a honra de sua presença. Teve um pouco de dificuldade para descer o barranco e depois caminhar de salto 15 nos seixos rolados, mas chegou, de canga e maiô Catarina!!!.
O banho de rio e o churrasco foram normais, tirando o concurso de beleza que Mariana Pouca Sombra ganhou. E ganhou com méritos, vocês imaginem o resto...!!!
Na volta, Mariano que já estava até a tampa de cachaça, resolveu brigar com Pouca Sombra quando o cabo do acelerador do Fusca arrebentou. Ele expulsou a coitada do carro e ela, ligeiramente mais bêbada que ele, saiu do carro chorando... Não teria nenhum problema se já não fosse de noite, chovendo e sem ferramentas, num lugar deserto sem uma alma por perto.  
Bem, usamos a criatividade com quatro grampos de cabelo e um rolo de esparadrapo e por fim conseguimos fazer o Fusca andar, empurrando, é lógico. Finalmente encharcados, cheios de graxa e com cheiro de fumaça, chegamos em casa sãos e salvos. Só não entendo porque até hoje, minha doce esposa nunca mais quis repetir o programa... não entendo...!!!
Por Helio Faria Junior

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